Pensar em práticas culturais e artísticas em mobilidade (regional, nacional, internacional) leva a refletir sobre o lugar e o papel das artes em vários espaços (palcos, salas, estúdios, ruas, etc.) e territórios (ligados a um grupo, a um conceito, a uma identidade comum). Em contextos de mobilidade, as formas e as práticas artísticas cruzam-se, encontram-se, hibridizam-se, impõem-se, reinventam-se ou enriquecem-se.

Podemos olhar para essa mobilidade do ponto de vista inter ou transcultural, onde a identidade imaginária determina novas práticas artísticas em movimento. Também é possível pensar, de modo mais geral, nas práticas culturais que visam preparar nos para sociedades mais justas e, nessa perspetiva, tentar ver através das máscaras impregnadas de viagens, de identidades, do outro. Essa perspetiva, por estar menos implementada nas nossas sociedades ocidentais e, portanto, pouco valorizada nos nossos espaços educativos, será amplamente discutida nesta conferência, sem excluir outras abordagens.

Isso porque a máscara pode ser estudada nos seus vários aspetos: como um imperativo religioso mágico; como um objeto de arte e objeto ritual (ritos agrários, funerários ou iniciático que serve para lembrar acontecimentos místicos ou para fazer emergir a memória coletiva); como objeto didático e educativo.

As máscaras gregas, trágicas e cómicas, as máscaras commedia dell’arte, as máscaras dos teatros tradicionais do oriente, as máscaras sagradas da África e dos povos indígenas das Américas e aquelas das manifestações carnavalescas em diferentes partes do mundo podem inspirar nossas reflexões sobre uma sociedade na qual o outro e sua cultura sejam uma fonte de enriquecimento e favoreçam viagens pelas identidades e alteridades.